março 02, 2006

A paz, num passe de mágica

Por Gustavo Barreto, para o Fazendo Media.

ACNUR/Divulgação


Um professor universitário norte-americano achou há quase dez anos uma solução mágica para trazer esperança a centenas de pessoas que vivem em situação de conflito. E a solução é literalmente 'mágica': Tom Verner fundou a organização não-governamental "Mágicos Sem Fronteiras", que tem como objetivo levar arte e divertimento a campos de refugiados em várias partes do mundo.

Verner, que está licenciado da cadeira de Psicologia na Universidade de Burlington, em Vermont (EUA), conta que estava viajando para uma reunião na Polônia quando foi chamado a fazer apresentações em campos da Macedônia e em Kosovo, depois da crise que expulsou aproximadamente um milhão de albaneses, em 1999. O convite foi da ACNUR, a Agência de Refugiados das Nações Unidas. "Quando percebi, havia feito 15 apresentações em uma semana", disse Verner em recente entrevista para a Rádio das Nações Unidas.

"Durante minha passagem na Macedônia e em Kosovo, pude desenvolver uma habilidade de entender as necessidades dos refugiados, e perceber o encanto que a mágica poderia trazer para eles", afirma. Em março daquele ano, Verner iria fazer 14 apresentações no campo de refugiados da Etiópia, atingindo mais de 10 mil pessoas. "Tudo o que trouxer alegria para esta parte do mundo é bem vinda", diz Peter Okoye, representante da ACNUR em Adis Abeba, capital da Etiópia.

UNHCR/M.Maasho

O mágico Tom Verner, trazendo alegria "e talvez esperança" para refugiados em Bongo, campos da ACNUR na Etiópia


Quando tudo se despedaça

Para Verner, muitas crianças gostam das mágicas porque tratam de fazer o impossível se tornar possível. "Eu gosto de pensar que as apresentações trazem não apenas risadas, mas, talvez, em um nível mais profundo, sementes de esperança são plantadas. Eu comecei a perceber o quanto eles perdem a esperança lá. A mágica traz esperança. Quase tudo se despedaça e volta a existir [com em um dos números de Verner]. Essa é a mensagem que os refugiados precisam quando estão nos campos há meses ou até mesmo anos e pensam que voltar para casa é uma coisa impossível".

"Esse show é inesquecível. Vamos falar sobre isso por um bom tempo", diz entusiasmado John Pidor, refugiado por 13 anos e atualmente coordenador para a questão dos refugiados em Dimma, outro campo da Etiópia onde Verner se apresentou. Para John, esta é uma excelente forma de integração da comunidade. E Verner não está sozinho: sua esposa o acompanha nas apresentações. Pintora, Janet Fredericks aprendeu a trabalhar como palhaça e mímica. Para o futuro, Verner espera ter mais gente em sua equipe. Um repórter da ONU pergunta: que mágica Verner gostaria de fazer? Ele sonha em fazer desaparecer o que classifica como "arrogância política", trazendo assim soluções negociadas entre os países.

UNHCR/M.Maasho

Verner, sua companheira Janet Fredericks e um voluntário para a mágica


Para saber mais

· Mágicos Sem Fronteiras.
· Etiópia (ACNUR).
· Agência de Refugiados das Nações Unidas.
· Rádio das Nações Unidas, em português.
· Mágicos Sem Fronteiras em abril de 2003: clique aqui.

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